domingo, 29 de maio de 2016

LENDAS,ITÃS DO POVO DAS MATAS, NOSSOS AMADOS CABOCLOS

O Ogum das Matas!

Esse Cavaleiro de Ogum viveu no Brasil Colônia do século XVI. Sua função era servir ao Rei e a Rainha de Portugal. O Brasil ainda era uma terra de muitos índios e muita natureza. Seu nome era Jorge, em homenagem ao Santo de devoção de sua mãe. Ao chegar ao Brasil acompanhando o cortejo real, sentiu-se atraído pelo lugar. Era especialista em abrir novos caminhos nas matas virgens e descobrir novas civilizações, por isso seus serviços foram solicitados. Comandava um grupo de 200 soldados, como capitão da guarda. Buscavam os melhores lugares para construir os aposentos reais e retirar as riquezas da terra. Haviam lhe falado que os índios eram selvagens cruéis.
Na primeira aldeia que ele conquistou percebeu temor nos olhos indígenas. E nas próximas aldeias, apesar das resistências e das lutas, foi percebendo que os índios apenas se defendiam e tentavam manter suas terras. Em uma das aldeias capturaram muitos índios para fazê-los escravos. Entre eles havia uma índia potiguara de beleza única, por quem se apaixonou. Retirou-a do meio dos escravos, chamou um intérprete e foi conversar com ela. Essa índia chamava-se Guaraci, para homenagear o Sol. Guaraci tentou mostrar a Jorge o que os brancos estavam fazendo, através de gestos e palavras. Jorge, apesar de seguir as ordens reais tinha bom coração. A índia convidou-o a ir com ela até a Aldeia Portiguara e aprender os costumes indígenas. Propôs a ele levá-lo e devolvê-lo em segurança, desde que aceitasse conviver 10 dias nas terras indígenas.
Jorge aceitou a proposta da índia. Chamou o sargento da guarda e pediu-lhe que assumisse seu posto. Avisou aos demais que se ausentaria por um tempo, pois queria estudar os costumes indígenas e procurar os melhores lugares para extrair as riquezas da terra. E assim foi que a índia potiguara Guaraci chegou à sua Aldeia sã e salva carregando um homem branco. Isso foi motivo de grande orgulho para o Chefe da Tribo, que era seu pai. Explicou ao Cacique que Jorge permaneceria com eles por um período de 10 dias para aprender os costumes e tentar uma negociação. O cacique aceitou e assim Jorge começou seu período de aprendizagem. Ele se despiu de seu uniforme e aceitou um saiote de penas para se cobrir. No período em que conviveu com os índios começou a aprender o tupi-guarani. Também lhe ensinaram a usar o arco e a flecha e a entender os sinais da natureza. Essa vida simples tocou alguma coisa dentro de Jorge, que passou a admirar os nativos potiguaras.
Quando os 10 dias findaram, Guaraci levou Jorge novamente aos brancos. Ele não era mais o mesmo. Percebeu que não poderia mais lutar contra um povo que passou a admirar e também não poderia renunciar ao seu cargo, pois seria considerado desertor. Esse dia foi decisivo na vida de Jorge. Ele esperou todos irem dormir, arrumou suas tralhas e penetrou na floresta. Foi até o acampamento portiguara. Procurou por Guaraci e lhe propôs fugirem juntos. A índia falou que não poderia abandonar seu povo, mas Jorge sabia que a tribo estava com os dias contados e que em breve seriam atacados. Sem saber o que fazer, capturou a índia e embrenhou-se na mata com ela. Tentava explicar-lhe que não poderiam ficar por ali pois a tribo seria atacada. Guaraci não aceitou e falou que deviam voltar, pois para os potiguaras covardia era uma desonra! Então, ele voltou com Guaraci e entregou-se ao Chefe. Ele foi aprisionado na Oca e seu futuro seria decidido em breve.
Os índios potiguaras já haviam tido contato com o homem branco, quando os franceses se aproximaram tentando uma negociação. Os portugueses retomaram as terras e agora imporiam sua vontade aos índios de qualquer maneira. A raça potiguara ocupava todo o litoral nordestino e eram muito numerosos, mas os portugueses possuíam armas que cospiam fogo e explodiam como trovões! Por isso, a derrota dos índios era visível. A sobreviência deles ocorreu pelo acordo firmado entre os portugueses e os índios.
Jorge e Guaraci nunca ficaram juntos. Jorge foi morto durante o combate. Seu espírito vagou por anos nas matas litorâneas e muitos contavam a história de um cavaleiro das matas que rompia a floresta com seu galope e emitia um grito de guerra. Quando Jorge foi recolhido à Aruanda, ele estudou, evoluiu e passou a trabalhar nas Linhas de Ogum e de Oxóssi, como Ogum Rompe Mato.



Caboclo Araribo ia...
Um Comanche amigo dos animais!

Essa é a história de um nativo americano que nasceu na região onde hoje se localiza o estado de Oklahoma, na Tribo dos Comanches. Desde cedo perceberam que ele possuía o dom para falar com os animais e para entender a linguagem da natureza, por isso lhe deram o nome de Índio Andante, pois perceberam que ele era uma criança bastante inquieta e esperta.
Os comanches eram um povo originário dos Astecas e falavam a língua derivada desse povo. Sabiam domesticar cavalos e isso os fez crescer e conquistar outros territórios. Eram exímios coletores e caçadores. E aprendiam rapidamente outros costumes. Por isso, quando o homem branco chegou ao seu território, os Comanches tentaram uma convivência. Mas, a guerra e a ganância impediram o convívio das raças.
Índio Andante não ficou em sua tribo quando os homens começaram a alterar sua cultura. Preferiu andar pelas terras e verificar com seus próprios olhos a transformação que estava acontecendo. Andou por diversos territórios ao sul dos Estados Unidos, pela América Central e parte da América do Sul. Ao chegar à região da Amazônia, já havia conhecido diversas raças e muitas coisas diferentes. Sobreviveu devido ao seu dom de comunicação com os animais e por saber ler os sinais da natureza.
Esse índio comanche se tornou um cidadão do mundo e morreu na região onde hoje é o estado do Pará, aos sessenta anos de idade de causas naturais, cercado por seus amigos animais, pela natureza exuberante e feliz por ter vivido uma vida diferente e cheia de aventuras! Hoje, Índio Andante trabalha na Linha de Oxóssi, sob o comando e nome do Caboclo Arariboia e sente-se satisfeito por compartilhar com seus filhos os conhecimento sobre a natureza, o amor à vida e aos animais.




Cabocla Jupissiara:
Uma selvagem que se tornou cristã!

Essa índia nasceu onde hoje se localiza a Baía de Guanabara, entre os índios Tupinambás. Conheceu o Padre José de Anchieta e se converteu ao Cristianismo. Não deixou de ser índia ou de acreditar em seus deuses e encantados da natureza. Apenas passou a ver as coisas de uma forma diferente. Entendeu que todos os homens da terra possuem proteção e que nada na vida de uma pessoa acontece ao acaso. Compreendeu que Tupã e Deus eram a mesma pessoa. Amou Jesus e Maria tanto quanto Jaci e Guaraci. Quando os Tupinambás foram abatidos em combate, os poucos índios que restaram foram catequisados e passaram a trabalhar com os jesuítas para evitar mais ataques dos brancos.
Jupissiara passou a viver na terras do Espírito Santo junto ao Colégio Jesuíta, auxiliando a catequizar outros índios e evitar o extermínio da raça pelo homem branco. Apegou-se ao Padre José de Anchieta por perceber seu carinho com sua raça e percebeu seu empenho em aprender sua língua nativa e seus costumes. José de Anchieta passou a ser respeitado pelos índios que o chamavam de "O Grande Feiticeiro". Ele intermediou muitas negociações entre os portugueses e os índios e evitou muitas mortes.
Jupissiara não casou, não teve filhos, apenas viveu sua missão e auxiliou a preservar sua raça. Auxiliou o quanto pode os jesuítas e os índios, para evitar os confrontos com os conquistadores. Entendeu que essa terra não pertencia mais ao índio, pois a força  do homem estrangeiro era maior e mais devastadora. Aprendeu a rezar aos deuses cristãos pedindo piedade para sua raça e clamava a Tupã por suas origens. Assim, ela viveu até os 35 anos, quando foi acometida por uma doença respiratória e morreu.



  Caboclo Chefe das Matas..
Um Encantado da Jurema!
A história desse Cacique é bastante singular, pois tornou-se uma Lenda, contada entre os índios, de geração em geração. Esse caboclo nasceu na mata Atlântica, antes da colonização dessas terras pelo homem branco. Sua tribo constituía uma aldeia numerosa, com mais de dois mil índios. Suas ocas não eram construídas no chão; eles viviam em casas elevadas e sabiam dormir nas árvores. Alimentavam-se de frutos, animais selvagens e peixes. Eram exímios caçadores e coletores. Sabiam encontrar o alimento. Locomoviam-se na mata com destreza e sagacidade. A aldeia era defendida pelos guerreiros da tribo com grande habilidade. As mulheres e crianças ficavam protegidos e trabalhavam na confecção de objetos ornamentais, de utensílios de barro e no preparo da comida.
Sua história tornou-se Lenda da seguinte maneira: ele estava sentado em sua oca, fumando seu cachimbo de ervas, quando ouviu gritos distantes na mata. Dois guerreiros já haviam desaparecido buscando o que causava esses gritos. Ele resolveu verificar por conta própria e embrenhou-se na mata densa. Voltou no mesmo dia horas depois e nada encontrou de diferente. Na manhã seguinte resolveu verificar novamente. Era costume na tribo o Chefe nunca sair desacompanhado, mas ele pediu que ninguém o acompanhasse e saiu... Voltou da mesma forma, horas depois... No terceiro dia, fez a mesma coisa e desapareceu por 7 dias. Os índios ficaram preocupados, acharam que ele havia morrido e começaram a se lamentar. No oitavo dia, o Cacique retornou, vestindo um cocar enorme na cabeça e portando vestes luminosas. Conversou com todos, instruiu os conselheiros da tribo, abraçou os indiozinhos e apaziguou as mulheres. Falou que essa terra um dia seria tomada, por homens de uma aldeia distante, diferentes no falar, no andar e no vestir. Pediu a todos que seguissem com suas rotinas, pois ainda estava tudo bem, não era hora disso tudo acontecer. Depois indicou um amigo mais jovem como Cacique. Os índios estranharam, pois um novo cacique só era escolhido com a morte do cacique mais velho. Passou para as mãos do novo cacique uma lança e um cinto de penas. Depois desapareceu perante os olhos incrédulos de todos.
A partir desse dia, todas as vezes que a coruja cantava, podiam ver um clarão nas matas e ouvir um assovio. Em seguida, por um breve momento, alguém na tribo avistava o Cacique "Chefe das Matas". Assim, passaram a contar essa história de geração em geração. Após meio século, chegou um aviso de uma aldeia vizinha, que homens diferentes chegaram de terras distantes e eles se lembraram as palavras do cacique. A partir desse momento iniciou-se outra história... Nos momentos de maior perigo ou dificuldade podiam ver o Cacique "Chefe das Matas" os observando e os aconselhando. E assim, sua lenda cresceu!



Cabocla Iara...
A Sereia dos Rios...

A Cabocla Iara dessa Tenda, nasceu na Tribo dos Bororos, a beira do Rio Araguaia (Rio das Araras Vermelhas), no final do século XVII. Ela pertencia ao Clã dos Araés. Era uma exímia caçadora, tecelã e pintora. Em sua tribo os rituais eram praticados com extrema rigidez. Comemoravam as caçadas e as boas colheitas com festas diversas.
Essa índia de longos cabelos negros e olhos cor da terra, gostava de enfeitar-se para os rituais e ajudar suas irmãs nos ornamentos. Fabricava adereços com as penas coloridas das araras e sementes de árvores; depois prendia-os aos cabelos ou usava como brinco nas orelhas.
Ela ficava horas nadando ou navegando no rio e era como seu nome dizia: "Aquela que mora nas Águas". Gostava de ouvir e contar as histórias dos ancestrais sobre o Mensageiro dos Rios - Boitatá; sobre Cairara - o Cacique Macaco; sobre Caipora - o Protetor dos Bichos; sobre Curupira - o Guardião das Matas; sobre Guaraci (o Sol) e Jaci (a Lua); sobre Rudá - o amor; e tantas outras histórias. Um dia ouviu o cacique dizer: "Aicué curí uiocó, paraná-assú sui, peruaiana, quirimbaua piri pessuí" (Vai aparecer do rio maior, o maior e mais poderoso inimigo de vocês). E ela viu um dia chegar o homem branco, montado em vistosos cavalos e alguns navegando em barcos. Como sua tribo era organizada não foram conquistados pelo homem branco, apenas foram visitados, pois ele ainda não tinha interesse em suas terras.
Iara morreu jovem, desapareceu nas águas caudalosas do Rio Araguaia, em meio a uma cheia das águas.  Alguns diziam que ela se apaixonou por um estrangeiro e jogou-se ao rio por amor... Outros diziam que ela foi engolida pelo rio e virou uma sereia. Muitos a viam durante a noite sentada na beira do rio penteando e enfeitando os cabelos e diziam que ela não era mais humana, era uma encantada. As mulheres da tribo começaram a lhe deixar objetos de adorno sobre as pedras da margem. Esses objetos desapareciam e as mulheres tinham seus pedidos realizados. E assim surgiu mais uma lenda... Iara passou a atuar dentro da Umbanda Sagrada como guardiã dos mistérios das águas, auxiliando os médiuns na limpeza e purificação das energias durante os trabalhos mediúnicos.
  

Caboclo da Lua...
Um viajante da noite!
O Caboclo da Lua desta seara narrou-nos a seguinte história:
Ele recebeu esse nome por sua facilidade em se orientar durante a noite. Gostava de apreciar a lua em suas diversas fases e ficava horas observando o anoitecer. Comunicava-se facilmente com os animais e tinha o dom da cura. Ele nasceu na América Central no ano de 1567, onde hoje se localiza o México. Sua tribo não resistiu muito tempo aos europeus. Os poucos sobreviventes espalharam-se pelas planícies da região do Novo México. Para auxiliar os sobreviventes a se adaptarem a nova vida, o Caboclo da Lua curava os feridos, apaziguava os ânimos e ensinava aos nativos a leitura dos céus e das estrelas.
O Caboclo da Lua viveu seus últimos anos de vida peregrinando com sua tribo pelas novas terras, tentando escapar da conquista do homem branco. Seu amor pela natureza e pelos animais lhe ajudou a se manter firme na luta. Quando por fim terminou sua jornada espiritual naquela terra, renasceu entre os Apyaká na beira dos rios Arinos e Juruena. Teve uma vida plena, em contato direto com a natureza exuberante da floresta Amazônica. Nessas vidas como índio, o Caboclo da Lua aprendeu o amor a Mãe Terra e o respeito aos irmãos de raça. Hoje trabalha na missão umbandista espalhando o conhecimento ancestral da cura, do contato com a natureza e do respeito aos seres vivos.



Caboclo do Sol...
Um Aborígene Australiano na Terra da Umbanda!
Essa é a história do Caboclo do Sol desta seara. Esse aborígene viveu entre 1780 e 1850, num dos desertos centrais da Austrália - o deserto de Gibson. Seu clã adorava o Sol e a Lua e demais símbolos da natureza. Comunicavam-se pela arte, pela música e eram exímios escultores. Tocavam instrumentos representativos da Terra, como o didgeridu, que significa: a Grande Mãe Serpente.
Os aborígenes australianos foram perseguidos pela Colonização Inglesa e quase dizimados. Milhares deles foram mortos em confronto. Como eram pacíficos, morriam sem a oportunidade de se defender. Usavam o bumerangue e a lança em caçadas e eram exímios rastreadores. Podiam andar dias no deserto sem sentir cansaço, fome ou sede. Entendiam os sinais da natureza e se comunicavam entre si por assovios e sons diversos emitidos pela boca.
Pela ligação que existe entre os aborígenes australianos e os negros africanos, através dos antepassados da Guiné, esses nobres espíritos guardiões da natureza foram escalados a trabalhar na Umbanda Universal pela implantação da Lei da Caridade, da Paz e do Amor.
Esse Caboclo trabalha em diversas Linhas, mas sua atuação maior é junto a Oxumaré, na Linha das Águas e Ogun Rompe Mato, na Linha de Ogun. Ele também pode atuar na Linha de Xangô das Pedreiras e de Yansã do Fogo. Portanto, o Caboclo do Sol possui um campo de ação bastante amplo e sua função é a de direcionar, apaziguar e transmutar energias. Quando ele "desce" em um terreiro gosta de dançar a "dança da cobra" ou de se posicionar em uma só perna. Seu símbolo no ponto é uma espiral 

Uma Cabocla da Lua e uma Cabocla do Sol...
As preferidas de M'Boi...

A Cabocla da Lua pode atuar nas 4 fases da lua. Cada fase da lua indica a influência de uma Mãe:  Iemanjá, Yansã, Nanã e Oxum. Assim, ela pode se apresentar como Cabocla da Lua Nova, Cabocla da Lua Crescente, Cabocla da Lua Minguante e Cabocla da Lua Cheia. A Cabocla da Lua que contaremos a história a seguir, não pertence a essa Seara. Ela nos procurou e pediu para relatarmos uma de suas existências.
O Umbandista acredita em Deus (Zambi), em Jesus (Oxalá) e nos demais Santos, Profetas e Anjos. Ele também acredita na Reencarnação e por conta disso sabe que todos os espíritos possuem mais de uma existência. Portanto, quando uma Entidade  relata a história de uma vida, não significa que tenha sido sua "única" vida.
A Cabocla da Lua que nos procurou, contou que em uma de suas existências como índia, não nasceu sozinha. Sua mãe teve gêmeos e junto com ela nasceu uma irmã. Ela nasceu durante a madrugada, enquanto a luz da lua cheia clareava as matas. Sua irmã nasceu ao clarear do dia, quando o sol raiava e sua luz cobria a aldeia. Por isso, sua mãe lhe chamou de Jaciíra, que significa "Filha da Lua" e sua irmã recebeu o nome de Guaraciíra, "Filha do Sol".
As duas irmãs eram muito apegadas, mas muito diferentes também. Enquanto Jaciíra não temia nenhum perigo, Guaraciíra era mais cautelosa com as coisas. Mesmo assim, as duas dividiam todas as tarefas e brincadeiras e se divertiam muito. Assim, elas cresceram e tornaram-se duas lindas moças, cada uma com sua beleza e com seu talento. Elas eram queridas por toda a tribo e disputadas pelos guerreiros que queriam casar.
Mas, um dia, M'Boi exigiu uma oferta, pois o Homem Branco estava preparado para atacar a aldeia e a defesa estava em baixa... Ele exigiu as duas indiazinhas. A Aldeia ficou em polvorosa e não sabia o que fazer; eles não podiam descumprir uma ordem tão sagrada. Então, todos se reuniram: o Cacique, o Pajé e todos os índios mais velhos. Entraram em um consenso que Guaraciíra e Jaciíra deveriam cumprir seu papel para salvar a tribo.
Alguns índios não aceitaram a imposição: os pais das irmãs e os índios apaixonados por elas...  As duas irmãs não relutaram e aceitaram seu destino. E, no dia marcado, as duas entraram no barco que desceria o rio, para cumprir a tarefa que lhes foi reservada. Ao chegar ao local onde M'Boi morava elas esperaram...
Enquanto isso, na aldeia, houve uma revolta por conta de alguns índios e isso enfraqueceu a tribo. Durante a madrugada aconteceu o ataque dos brancos, que encontraram poucos guerreiros e nenhuma resistência na luta. Mas, durante a batalha, ocorreu um fato que ninguém ousaria contar... O próprio M'Boi baixou na Aldeia e atacou os homens brancos! Aqueles que sobreviveram fugiram assustados. Então, ao final da batalha M'Boi retirou-se, pois os índios haviam cumprido sua promessa.
As duas irmãs ficaram no barco três noite e três dias esperando e esperando... Elas acharam que M'Boi havia rejeitado a oferta por causa da demora da tribo. Quando porém estavam para voltar para a Aldeia, M'boi apareceu, envolveu-as e arrebatou-as e levou-as  sobre as águas. As duas irmãs se abraçaram e aguardaram... Quando abriram os olhos estavam no meio da aldeia. M'Boi olhou-as e retirou-se, deixando-as ali entre seu povo.
No dia seguinte, a história das duas índias que foram abençoadas por M'Boi correu por todas as tribos! A vitória da batalha graças a intervenção do Grande M'Boi foi celebrada por todos. Jaciíra e Guaraciíra casaram no mesmo dia. Elas tiveram muitos filhos, que tiveram outros filhos que cresceram e construíram uma Nação: os Jês. Durante os anos seguintes, elas contaram para os filhos e para os netos a aventura que viveram.



Ogum Beira Mar e Ogum Matinata...
Dois Cavaleiros e uma só história!
Esses dois emissários de São Jorge, viveram, lutaram e morreram juntos. Foram criados desde crianças para a luta. Confiaram sua vida a Deus e a serviço da humanidade. Defenderam a Terra Santa e a Santa Madre Igreja. Morreram lado a lado, lutando por justiça e por honra. A história que vou narrar, transcrevo-a exatamente como ouvi do Senhor Ogun Beira Mar:
"Eu nasci no ano de 1268 de Nosso Senhor Jesus Cristo. Meu amigo e companheiro de jornada, Senhor Matinata, nasceu um pouco antes, em 1257, na região que hoje se chama San Vicenzo, na Itália. Seu nome era Guido Franciesco. Meu nascimento ocorreu em território gaulês, hoje ocupado pela França e meu nome era  Olave de Gusttave.
Apesar da diferença de idade, nos dávamos muito bem. Éramos inseparáveis e sempre lutávamos lado a lado, nos campos de batalha. Dedicamos nossa vida a defender a Igreja e cada um foi designado para servir em uma Ordem. Ele foi destacado para servir a Ordem Soberana e Militar Hospitalária de São João de Jerusalém, de Rodes e de Malta e se tornou um Hospitalário. Eu fui destacado para a Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão e tornei-me um Templário.
Dedicamos nossa vida a defender a Santa Madre Igreja, as Terras Santas de Jerusalém e os peregrinos cristãos. Fomos treinados desde os 7 anos, fizemos votos de pobreza e castidade; éramos monges guerreiros. Porém, fomos traídos pela própria Igreja, acusados de heresia e de esconder tesouros no Convento da Ordem. Sabíamos que era um golpe militar para extinguir a ordem.
Eu estava no Convento de Jerusalém, quando fomos atacados pelos soldados do rei. Guido estava a serviço dos Hospitalários e passava um tempo no convento. Estávamos em número reduzido, mesmo assim lutamos. Alguns conseguiram fugir para contar sua história, outros morreram ali mesmo. Eu fui decapitado, juntamente com meu amigo Guido. Nossa morte ocorreu no ano de 1303. Poucos anos depois a Ordem dos Templários estava extinta e a dos Hospitalários permaneceu por possuir diferentes interesses.
Eu tornei-me um Cavaleiro de São Jorge, servindo a Virgem Maria e a São Miguel Arcanjo e Guido passou a servir São Jorge, São Thiago e São João Batista. Recebi a insígnia de Cavaleiro de Ogun e meu nome tornou-se Beira Mar. Guido recebeu a mesma insígnia, mas seu nome tornou-se Matinata. Atuamos em campos diferentes do Plano Espiritual, porém, permanecemos no mesmo ideal de servir a Cristo Jesus e a nossa Amada Mãe Maria. Podemos nos deslocar no tempo e no espaço e, assim, atuar em locais distantes e desconhecidos."
           


Cabocla Janaína: a sereia do mar...

A Linha das Águas compreende tanto as Caboclas de Iemanjá como as Caboclas de Oxum. As Caboclas dessa Linha são formosas, simpáticas e de extrema paciência. Assumem diversos nomes, como: Janaína, Iara, Inaê, Jandiara, Jandira, Jandaia, Indaiá, entre outros. Também temos Caboclos atuando nessa Linha... Mas, hoje, contarei apenas a história da Cabocla Janaína desta seara.
Janaína significa "Rainha do Lar". Ela nasceu na Tribo dos Goitacás, no litoral sul do estado do Espírito Santo. Eles eram índios pacíficos e felizes porque evitavam a guerra. Seu pai era um grande guerreiro e sua mãe uma grande tecelã. Viviam da caça e da pesca. Sua pele era queimada do sol da praia, onde gostava de passar horas apreciando o mar. Sabia nadar como um peixe e compreender a linguagem da natureza.
Quando a expedição Cabralina passou por suas praias ela foi uma das primeiras a avistar o navio e o homem branco. Apaixonou-se pelo que viu: eles pareciam deuses para ela... Janaína possuía olhos amendoados, longos cabelos negros e pele morena do sol. Seu corpo possuía boa forma e beleza. Por isso, chamou a atenção do homem branco, quando ele desembarcou próximo a sua aldeia. Ela correu avisar os chefes da Tribo e chamar os demais. Acompanhou de longe todos os contatos, mas não entendia o que eles falavam. Pelos sinais percebeu que tentavam se aproximar e fazer amizade. Deram presentes, que para ela eram desconhecidos: garfos, colheres, espelhos, colares... Mas, que pareciam tesouros! O que mais lhe chamou a atenção foi o espelho! Já havia se mirado nas águas de um lago, mas olhar-se num espelho, era mágico!
Os portugueses lhe deram um vestido e um adorno de cabelo e lhe mostraram como usar tudo aquilo. Ela se vestiu e se enfeitou e percebeu os olhares sobre ela. Nunca mais foi a mesma. Sentiu-se encantada com esse novo mundo. Sabia que existia muito mais do que ela conhecia. Foram vários meses de visita. Ela não tinha medo do homem branco e até apaixonou-se por um deles; ele era um dos imediatos do navio. Mas, ela já estava prometida em casamento.
Após dois anos de visitas contínuas, ela entregou-se ao rapaz, em meio a natureza. Dois meses depois estava grávida e o navio já estava de partida. Sua tribo era severa com traições. Seria mantida presa na oca até o nascimento da criança, a qual seria dada aos animais. Depois a prenderiam em um mastro no meio da tribo, com privações diversas sob o sol e a lua, até que contasse quem era o pai da criança. Em seguida seria expulsa ou morta com uma flechada no peito. Por conta disso, desesperou-se ao perceber que ficaria sozinha. Não tinha planejado nada daquilo, apenas aconteceu. Então, ao ver o navio partindo, atirou-se às águas e nadou o mais que pode para alcançá-lo. Queria pedir ao pai da criança que a levasse junto. Mas, suas forças enfraqueceram e afogou-se nas águas profundas... A Mãe d'Água compadecida, devolveu seu corpo à praia e quando a encontraram não entenderam o que aconteceu. A Tribo dizia que ela morreu por amor ao homem branco.
Depois que desencarnou seu espírito foi recolhido e ela soube o restante da história. O rapaz retornou a Portugal e nunca mais visitou o Brasil. E somente trinta anos depois os brancos voltaram a pisar em sua terra nativa. Os capixabas foram colonizados e os índios catequisados pelo Padre José de Anchieta. Foi convidada a trabalhar para auxiliar os índios que morreriam nos próximos anos devido à ocupação pelo homem branco. Foi então fundada a Colônia de Jurema, que começou a abrigar todos os nativos que morriam para preservar seu solo. Os séculos passaram e muita coisa aconteceu ao Brasil. Sua terra não era mais a mesma. Surgiu a Colônia de Aruanda e um novo trabalho se instalou e ela se tornou mais uma trabalhadora da Seara Umbandista no solo brasileiro.

Ogum das Sete Estrelas Douradas...
"Ogun é meu pai, Ogun é meu guia!"


Esse Chefe de Falange trabalha para Nossa Mãe Maria e para Nosso Mestre Jesus. Seu nome sempre foi sinal de respeito e de ordem dentro do Terreiro.  Quando está presente nos trabalhos é porque alguma coisa importante o exige. Sempre se portou com seriedade. Os obsessores o temem e os falangeiros o respeitam.
Cumpre as mais diversas ordens. Orienta com sabedoria. Fala sempre a verdade. Jamais esconde uma situação de alguém, mesmo que isso cause constrangimento, pois diz que a verdade é sempre libertadora. Mas, quando ele atua é para estabelecer a ordem no caos. Sua ação é estabelecer o equilíbrio e promover a paz.
Sua última encarnação foi há muito tempo... Viveu antes de Cristo na Terra, chamava-se Elloph e morou na região que hoje é a Sibéria . Não reencarnou mais, tornou-se primeiramente um guardião e passou a servir as Colônias Espirituais como lhe era solicitado. Evoluiu, acompanhou a história e a trajetória terrena, mas sempre trabalhando no Plano Espiritual. Hoje habita uma esfera que não lhe exige mais voltar ao plano físico, porém está sempre auxiliando quem lhe solicita ajuda.
Atende aos chamados de São Miguel Arcanjo no resgate dos espíritos infernais e também assume trabalhos nos atendimentos das Casas que trabalham com Apometria e Cirurgia Espiritual. Seu nome indica sua falange e sua missão: Ogun (cavaleiro de São Jorge) - Sete Estrelas (trabalha para Jesus e Maria) - Douradas: porque absorve e transmuta as energias fluidicas do ambiente. Assim como ele, existem outros Oguns: Ogun Sete Lanças, Ogun Sete Espadas, Oguns Sete Luas, etc. O complemento do seu nome se baseia no Orixá que comanda a casa.





O Senhor Xangô Sete Pedreiras...
Um cacique que sofreu a perda de sua tribo.

O Senhor Xangô Sete Pedreiras é uma entidade totalmente do bem, tranquilo, de fala mansa, como todo bom xamã! Ele gosta de elucidar os problemas da pessoa com muita sabedoria. Ao atender faz isso com toda a humildade e benevolência que um espírito abnegado tem que ter. Já o vi chorar, uma vez, por um filho que não quis cumprir sua missão e que ainda reclamou de tudo o que lhe estava acontecendo. Ele se condoeu dessa pessoa e tirou a dor dela.
Ele sempre explica que cumprir missão na Lei Maior do Bem não é fácil, que existem as escolhas pessoais a serem feitas e que é preciso muita dedicação. Uma vez perguntei como ele se tornou um "guia espiritual" e ele me disse: "Todo aquele que cumpre sua missão de vida, torna-se guia espiritual de alguém ao desencarnar."  Também perguntei porque eu ainda via nele sofrimento pela morte dos índios da tribo e ele me respondeu: "Nunca deixamos de amar e de nos preocupar com nossa família espiritual..."
Esse espírito de fala simples, possui muita elevação. Viveu no norte da América e viu sua tribo ser dizimada pelos conquistadores. Nada conseguiu fazer e sentiu-se responsável por todos eles. Ele era o cacique da tribo e ao fim de tudo, foi martirizado de várias maneiras até que o mataram. Ao chegar no Plano Espiritual, havia cumprido sua missão de vida e podia seguir seu caminho de luz, mas preferiu ficar e trabalhar. Quando estou na presença dessa entidade sinto-me pequeno, como se eu fosse uma criança com muito a aprender...


Cabocla Jandira e sua história de vida...
Uma cabocla-pajé!

A Cabocla Jandira que trabalha nesta casa, relatou-nos a seguinte história: Durante a invasão e conquista dos europeus sobre a América, ela trabalhava como curandeira em sua tribo: atendia os doentes, aconselhava os demais, preparava os curumins, fazia unguentos e poções com ervas medicinais, instruía e apaziguava a tribo. Todos eram encaminhados a ela, para tratamento e solução de seus problemas. Como estava muito velha, segundo ela, com mais de cem anos... decidiu passar o cargo a uma aprendiz. Essa aprendiz ignorou sua missão, cortando seus cabelos e enterrando-os na mata, junto a uma árvore, como forma de renegar sua ancestralidade. Sem tempo de preparar outra pessoa e prevendo uma invasão, a cabocla tentou salvar sua tribo migrando para o norte, mas foram surpreendidos pelos conquistadores e dizimados... A aprendiz sobreviveu, mas não cumpriu sua missão de curandeira, indo trabalhar junto aos brancos.
A cabocla sentiu-se responsável por todos os filhos dessa tribo e resolveu dedicar-se ao resgate deles no meio espiritual. Como "Cabocla Jandira" e socorrista espiritual, a índia-pajé Takumi, conseguiu localizar todos os antigos filhos e arrebanhá-los novamente no amor. Alguns também atuam como Caboclos na Linha de Jurema e outros estão encarnados, cumprindo missão como médiuns ou apenas vivendo uma vida normal.
A Cabocla Jandira atua na Linha das Águas, promovendo a cura e a limpeza da aura daqueles a quem atende, sempre com bons conselhos e boas lições. E esse aprendiz, que hoje vos escreve, trabalha na seara umbandista pretendendo resgatar sua dívida acumulada junto aos antepassados indígenas desta história que vos relatei.




Caboclo Cobra Coral...

Quem trabalha na Umbanda sabe que existem as falanges e que cada falange possui o seu falangeiro (ou guia espiritual). Existem inúmeras falanges e inúmeras entidades em cada falange. Bom, porque estou relatando isso? Para esclarecer que essa história que vou contar refere-se especificamente a este Caboclo Cobra Coral desta seara. E outros caboclos, também “Cobras Corais” terão suas histórias e seus relatos.
Esse Caboclo Cobra Coral, nasceu de mãe morta... Vou explicar: sua mãe estava no nono mês de gravidez e andava pelas proximidades da tribo quando foi picada por um casal de cobras corais. Ela morreu ali mesmo, mas conseguiu parir e o choro da criança se fez ouvir por toda a tribo... Acudiram e encontraram um menino esperto segurando uma cobra coral pequena nas mãos. Recebeu então seu nome de batismo e cresceu brincando com cobras e animais peçonhentos, sem temê-los.
O caboclo tornou-se um grande guerreiro e um grande líder para sua tribo, mas era temido por todos os demais, pois acreditavam que seu sangue possuía veneno de cobra e que podia infectar flechas e, assim, matar seus oponentes. Ele viveu muitos anos e reinou com sabedoria sobre sua tribo. Morreu idoso de causas naturais, cercado pelo respeito da tribo. Após sua morte tornou-se um falangeiro do Reino de Aruanda, servindo a Umbanda com amor e orgulho.



Caboclo Gira Mundo:
Aquele que trabalha com a Roda da Cura!
O Caboclo Gira Mundo dessa Seara, não é um Cacique ou um Pajé; ele é apenas um índio norte-americano, que nasceu na região de Seattle e pertenceu à Tribo dos Suquamish, onde hoje é o estado de Washington. Ele nasceu e viveu durante o século XVIII (da Colonização Inglesa) e desde cedo convivia com os costumes do Xamã da Tribo, aprendendo tudo sobre os Espíritos da Floresta, sobre a Grande Roda da Vida e sobre a Cura dos Ancestrais.
Durante os processos de desenvolvimento, onde alguém era escolhido pela tribo, o Xamã Pasha Waka solicitava sua ajuda e pedia que ele dançasse ao redor da Roda Xamânica para atrair os bons ancestrais daquela pessoa. Ele sempre iniciava pelo pedra que representava o nascimento da pessoa e o contato com seu Totem Pessoal. Assim, ele sabia e sentia como funcionava a Grande Roda da Cura Xamânica.
Com a idade de 10 anos Pasha Waka lhe deu o nome de Caboclo Gira Mundo (Wanagi Kanglesha Aklan), pois ele sabia "girar a Roda da Vida" de cada índio. Quando sua tribo reunia-se em torno da fogueira, ele celebrava dançando para cada um dos presentes na cerimônia. E isso muito agradava ao chefe Wanblee Gleshka (Águia Pintada).
Quando o homem branco chegou em seu território e as disputas iniciaram, Wanagi ficou triste porque percebeu que sua cultura se perderia... Então, ele pensou em como preservaria todo o costume aprendido com seu povo e pediu a Topa Tate (as quatro direções) que lhe guiasse os passos para honrar o conhecimento de seu povo.
Nessa época iniciou o período mais negro da história Norte-americana: o genocídio de inúmeras tribos e o massacre de muitos índios. O território apache foi invadido. Os índios Sioux foram assassinados. Seattle deixava de ser uma aldeia pacífica e cheia de alegrias. Muitos de sua raça pereceram, enquanto a guerra espalhou-se em solo americano. A principal função da colonização era a obtenção do controle da terra e de suas riquezas.
Wanagi viu a chacina de sua gente e chorou lágrimas de sangue. Ele foi capturado e obrigado a trabalhar em um circo com outras raças. Sua função era ser um atirador de facas, enquanto uma roda girava, com uma moça presa à ela. Os indígenas que restaram foram obrigados a se esconder em territórios áridos, inférteis e isolados.
Haviam mais de 25 milhões de índios norte-americanos e 2 mil idiomas diferentes. Mas, ao final das guerras indígenas, restaram apenas 10% do total (mais ou menos 2 milhões de índios). O genocídio dos nativos americanos foi claramente controlado e impulsionado pelo governo e seus aliados, que visavam apenas lucros e progresso financeiro com o fim da raça indígena.
"Gira Mundo" (Wanagi) ficou amortecido no circo por dois anos, sem perspectiva de luta ou vida. Mas, um dia reencontrou outros de sua raça e com eles empreenderam uma fuga. Eles deslocaram-se em direção ao Alaska, pois a região ainda estava preservada dos homens brancos, devido a distância e às intempéries do tempo.
No solo da Última Fronteira (como era conhecida a região), por ser uma península gelada e retirada, Wanagi conseguiu reconstruir um pouco a sua vida. Praticou os ensinamentos que recebeu de Pasha Waka (o Xamã) e aplicou-os para curar seu povo. Viveu no dia-a-dia a sabedoria do Chefe Wanblee Gleshka e tornou-se um líder para o povo.
Assim, eles esconderam-se por um tempo do resto da civilização e do mundo europeu. Quando a idade avançou para "Gira Mundo", a Rússia estava negociando o território peninsular com os Estados Unidos. Gira Mundo - Wanagi descansou sua Roda Xamânica do tempo, exalou seu último suspiro e deixou que seus herdeiros contassem sua história.


Ogum Sete Lanças...

 Hoje contaremos a história de um mensageiro espiritual que já é conhecido de muitos, mas sem utilizar o método da psicografia; apenas, ajudaremos a relembrar sua história, pois ela já é contada e recontada de geração a geração. Ogun Sete Lanças era Longinus que viveu no primeiro século (contemporâneo de Jesus) e seria ele o centurião romano que feriu o lado de Jesus com a sua lança (Jo 19:34). Também se deve a ele a revelação de que Jesus era realmente o Filho de Deus (Mateus 27:54; Marcos 15:39 e Lucas 23:47).
Diz a lenda que a água que saía do lado ferido de Jesus respingou em seu rosto e ele imediatamente sarou de um sério problema. Então, abandonou para sempre o exército e tornou-se um monge, percorrendo toda a Cesárea e a Capadócia, levando a palavra de Cristo. Mais tarde, convertido como monge, promoveu prodígios pela graça do Espírito Santo. Entretanto, o governador de Cesarea, que estava irritado com a conversão de seu secretário particular, descobriu sua identidade de centurião e o denunciou a Pôncio Pilatos em Jerusalém. Este, acusou Longinus de desertor e o condenou a morte, caso não pedisse redenção, renegando sua fé. "Longuinho" manteve-se fiel a Cristo e por isso foi torturado, tendo seus dentes arrancados e sua língua cortada; em seguida, foi decapitado.
Sua lança é reverenciada como uma relíquia religiosa e está a mostra em Viena na Áustria. Na Espanha e no Brasil ele é conhecido como "São Longinho" e aclamado como protetor para encontrar objetos perdidos. Esse costume deve-se ao fato de que seus companheiros de msosteiro sempre extraviam os objetos pelo mosteiro e Longinus os encontrava facilmente. Na Igreja Católica sua festa é celebrada no dia 15 de março e ele é conhecido como "São Longuinho".
Após sua morte, Longinus assumiu o nome de Ogum Sete Lanças, pois foi convidado a trabalhar para o Evangelho de Jesus, ajudando a semear a religião Cristã no planeta. Como símbolo de sua devoção pelo Mestre Jesus, Longinus carrega em seu corpo os estigmas de Cristo e em seu peito ele preserva o símbolo do Sagrado Coração de Jesus, para relembrar sempre a lança que perfurou o filho de Deus. Em muitos momentos é possível vê-lo como Ogum, altivo e combatente e, em outros, como um monge cabisbaixo procurando algo perdido...




Caboclo Junco Verde...

Esse caboclo nos procurou e contou sua história, pedindo-nos sua divulgação. Mas, antes de relatar sua história, queremos esclarecer sobre a planta que originou seu nome. O junco cresce abundantemente em regiões alagadas, como o Mar Mediterrâneo, o Nilo e o Amazonas. Na Amazônia o junco (Juncus effusus) é confundido com o cipó-titica (Heteropsis flexuosa) e no Nordeste, com o rattan ou vime. Apesar de possuirem similaridades após a extração, as plantas pertencem a famílias diferentes da flora e possuem desenvolvimentos bem distintos. Enquanto o junco cresce nos alagados, o cipó desenvolve-se em terra firme, nas florestas. Após a colheita, as fibras secas possuem semelhanças e por isso existe a confusão de nomes. Como as plantas, em seu habitat são totalmente distintas entre si, torna-se necessário essa explicação para elucidar o porquê de seu nome. Esclarecido esse ponto vamos a história.
Esse índio nasceu na Região da Amazônia, no século XV, onde hoje dividem-se os estados de Roraima e Amazonas, na Tribo dos Wapixana (do grupo Aruak). Eles eram a maior poupulação indígena do norte do Brasil, um povo pacífico que evitava a guerra. Durante séculos, sua tribo foi atacada diversas vezes por etnias de outras áreas, principalmente pelos Karibs. Para defender-se dos ataques, eles subiam nas árvores mais altas e lá permaneciam por dias. Possuíam muita agilidade para escalar cipós titicas e para ocultar-se dentro da água usando os juncos como esconderijo.
Desde criança ele gostava de se balançar nos cipós titicas e mergulhar no meio dos juncos dos algados. A tribo dizia: "Esse menino parece um Nhun Bituva, um Nhun Peri (junco verde), ora pendurado nas árvores, ora escondendo-se nos alagados." E assim, ele recebeu seu nome: Junco Verde (Nhum Peri Bituva). Ele sabia trançar as fibras e fazer cordas, com as quais laçava os tatetos e os jacarés; era ágil para subir em árvores, armar redes e emboscadas. Quando sua tribo era atacada, ele usava o laço em armadilhas diversas para evitar a aproximação do inimigo. E assim Junco Verde cresceu e tornou-se um exímio caçador e um grande guerreiro. Casou-se cedo com "Irupé" (que significa Vitória Régia na língua indígena); ela era filha do chefe da tribo e eles tiveram três filhos - dois meninos e uma menina.
Nhum Peri Bituva e Irupé foram muito felizes por quase quinze anos. Mas, como nada dura para sempre, sua tribo foi surpreendida durante a madrugada por um grupo de índios desconhecidos para eles, os Astecas. Os Astecas eram totalmente vorazes e organizados em suas empreitadas. Dominavam as tribos mais pacíficas, derrubavam tudo o que encontravam pelo caminho e escravizavam outros índios. Irupé viu seu marido e seus filhos serem levados para serem oferecidos ao Deus Sol. Ela e sua filha pereceram em solo Wapixana, após serem brutalmente atacadas. Durante a marcha para o Império do Sol dos Astecas, Nhum Peri conseguiu libertar seus filhos e ajudou-os a fugir para mata. Mas, seu sacrifício lhe custou a própria vida, pois foi ferido por uma lança e depois esquartejado. Seus pedaços serviram de alimento aos cães que acompanhavam a procissão indígena. Os filhos de Junco Verde conseguiram embrenhar-se nas matas e foram acolhidos por uma tribo Maiongong.
No Plano Espiritual, Irupé, Nhum Peri Bituva e a filha, encontraram-se no Reino de Jurema. Juntos eles viram uma nova terra florescer e outros povos chegarem. Tornaram-se acompanhantes espirituais dos índios que pereciam em combate contra a própria raça ou contra os homens brancos. Muitos anos passaram... Irupé reencarnou na Europa para viver uma nova experiência. A filha renasceu em solo brasileiro e tornou-se uma das primeiras mulheres abolucionistas do Brasil. Junco Verde permaneceu trabalhando na Jurema e auxiliando a Aruanda de todos os povos. Quando a Umbanda surgiu como religião, Junco Verde foi chamado a contribuir com seu conhecimento e sua dedicação



Caboclo Sete Folhas da Jurema...
O Curandeiro das Matas!

Esse índio nascido no meio da Mata Atlântica, é um verdadeiro filho de Oxóssi. Viveu na Tribo dos Paí Tavyterã, no século XV, antes da chegada dos portugueses e dos espanhóis ao Sul do Brasil. Aprendeu sobre o poder das plantas medicinais e a arte da cura com seus ancestrais. Ele nasceu, cresceu e foi criado assim: para conhecer todas as plantas e todos os bichos das matas. Ele sabia lidar com todos os venenos e curar todas as maldições que se abatecem sobre qualquer índio da aldeia - do mais novo ao mais velho. Ele recebeu de seus antepassados esse dom e a Mãe Natureza lhe abençoou com a sabedoria necessária ao seu desenvolvimento.
Toda vez que entrava na Floresta, ele saudava Tupã - o Pai Maior - e pedia permissão aos Espíritos da Floresta para mexer com as plantas. Ele sabia a fase de cada Lua e quando deveria colher cada erva. Ele jamais feria um animal desnecessariamente, por isso os animais lhe respeitavam. Se alguém em sua tribo necessitava de auxílio, ele prontamente lhe servia, com toda a humildade. Foi assim, que desde cedo recebeu o título de "curandeiro" e passou a ser chamado de "Sete Folhas", pois toda vez que precisava preparar uma poção ele dizia: pegue 7 ramos daquela erva, 7 galhos daquela outra, 7 folhas daquela ali e assim prosseguia, sempre usando o número 7. E quando lhe perguntavam porque o "sete", ele respondia: " - Porque Tupã fez o sete SAGRADO!"
E assim viveu o Caboclo-Pajé Sete Folhas da Jurema: curando, benzendo, cuidando e ensinando. Ele foi um Mestre que jamais cansou de fazer o bem e de ajudar. Dizem que ele não morreu, ele "encantou". Um dia, ele reuniu todos os filhos da Tribo e anunciou a chegada dos homens de pele branca e vestidos com roupas diferentes. Falou que seu tempo na Terra dos Homens estava acabando e que Tupã o chamava. Então ele entrou na Mata e desapareceu! Ao anoitecer os índios ouviram o pio de uma coruja e um clarão nas matas se formou... E todos souberam que "Sete Folhas" tinha partido. Quando alguém estava mexendo com folhas na Aldeia, um vento soprava e levantava as folhas e alguém dizia: "É ele: é o Pajé das Folhas - porque todas as folhas lhe pertencem!"
 
A maior diversidade de espécies de plantas e animais do Brasil existia na Mata Atlântica, mas, após a chegada do homem branco, muito se foi perdendo. Quando eu era criança, como eu nasci no sul do país, convivi com muitos índios e conheci muitas tribos por onde passávamos. Meus pais são gaúchos, mas eu nasci em Foz do Iguaçu. Meu pai ajudou a construir a Itaipu, então eu convivi com toda a lenda do local. Eu adorava ouvir a história da formação das Cataratas do Iguaçu: de como a indizianha (filha do cacique) prometida a M'Boi, fugiu com o guerreiro da tribo. M'Boi (ou Boitatá - como alguns dizem...) perseguiu-os pelas águas do rio e bateu tão forte a sua cauda na água, que abriu diversas quedas e cataratas. Hoje eu sei porque essa história mexia tanto comigo (rs) - já era meu "pezinho" na Umbanda... Tem uma música que me lembra muito todo esse tempo e todas essas lendas: "Índio Terena, Guarani ou Caiuá. Ara a terra, lavra a terra. Ama a terra que Deus dá." Canção do Índio - de Lia Campos Ferreira.

                 

Caboclo Pedra de Fogo:

Um Caboclo de Xangô Aganju...
Sua história nos foi contada por ele mesmo:
"Eu nasci e vivi em uma Aldeia na Ilha dos Maoris, próximo ao Vulcão Maior. Hoje tudo isso recebeu outro nome e transformou-se em cidade. A cultura é outra e nosso povo está quase extinto. Nós iniciamos o Culto aos Ancestrais através das Tatuagens no corpo, onde utilizávamos o martelo de madeira, uma agulha de osso e a brasa do fogo (ou a pedra de fogo, como chamávamos). Eu era o Chefe de uma dessas tribos e sentia orgulho de nossa raça, de nossa crença e de nossa natureza. Vivíamos em perfeita comunhão com tudo o que nos cercava. A Mãe Terra era benéfica e amorosa com nossos filhos, pois nada nos faltava. Contávamos os dias e o tempo, pelo sol, pela lua e pelas estrelas. Tudo ia bem até a chegada de um conquistador branco, que se tornou famoso para vocês. A história dele é contada em livros e estudada nas escolas...Mas ninguém conta o que nós passamos e o que nós vivemos nesses dias.
Nossa terra até hoje é considerada um Paraíso, então, "imaginem vocês", naquela época! Era o Jardim do Éden - como dizem na Bíblia. Éramos muito felizes e abençoados! Vivíamos em perfeita paz e harmonia. Todas as aldeais e povos se entendiam e não haviam guerras em nossa ilha. Fazíamos oferendas à Deusa Mãe Papatuanuku (nossa Natureza, nossa Terra) e ao Deus Pai Ranginui (Senhor dos Céus).  Cuidávamos de apaziguar Hiro (o Deus do Fogo, que habitava o interior da Terra), pois ele cobrava suas almas após a morte; então, cremávamos os corpos. Todos os Filhos e Filhas dos Deuses eram sagrados para nós tudo e respeitávamos seus avisos. Na natureza tudo era vivo e possuíaMana (Alma).
Com a chegada dos Conquistadores, houveram muitas guerras e muitas tribos mudaram de lado, por medo. Assim, os Paheka se distanciaram de nós, os Maoris. E as disputas foram inúmeras. Não aceitamos pacificamente a colonização e lutamos muito para não entregar nosso povo, nossa cultura e nossa natureza. Eu lutei o quanto pude para manter meu povo unido e para manter nossa crença protegida. Foram anos difíceis aqueles e estávamos sempre alertas. Eu sabia que meu tempo na Terra estava terminando, pois eu sentia o chamado de Rangi e Papa (nossos deuses). Quando a minha hora chegou, aconselhei meu filho a assumir a liderança e a manter nossa tribo unida. Pedi que cumprissem todo o ritual, pois eu queria descansar em paz e não queria perturbar Hiro. E assim fizeram...
Hoje trabalho no Plano Espiritual, com tudo aquilo que aprendi e convivi nessa minha última encarnação como Chefe Maori. Procuro passar ao meus filhos três conceitos básicos: o respeito à Natureza; o respeito ao próximo; e o respeito por si mesmo. Nós somos Templos Sagrados do Divino e precisamos cuidar de nosso templo; assim, como tudo o que nos envolve é um templo sagrado habitado por Mana. Devemos honrar e respeitar nossos Ancestrais e os mais velhos que nós, pois é deles que vêm a verdadeira sabedoria. Somos todos irmãos e iguais, feitos do mesmo material estelar e nossa luz só pode aumentar se preservarmos nossa essência primordial. Eu sou o Caboclo Pedra de Fogo, aquele que trabalha em equilíbrio com as Leis Naturais!"
 







Cacique Pemba Branca de Aruanda...

Um Xangô Agodô no Reino da Umbanda.
Ele nasceu no oeste Africano e seu povo era formado por uma tribo nômade de coletores e pescadores, que viajavam entre as regiões de Benim, Costa do Marfim, Gâmbia, Libéria, Mali, Senegal, entre outras... E viviam dessa forma, em meio às Savanas Africanas, entre o Deserto do Saara e alguns Oásis, que encontravam pelo caminho. Costumavam usar o pó de efun para pintarem seus corpos, diminuindo, com isso, o calor abrasivo do sol sob o corpo. Cobriam-se com peles de animais, nas noites frias, dormiam em cavernas, árvores ou ao relento... Se o local fosse bom, ficavam por um bom tempo e montavam acampamento, com todos os componentes da Tribo.
O deserto do Saara era cruel em determinadas épocas e a comida ficava escassa; então, os Holandeses chegaram, com a promessa de uma nova vida em terras distantes, cheias de fartura. Ele acreditou e reuniu seus melhores homens para a viagem, pensando que um dia voltaria para buscar a mulher e os filhos. Durante a viagem, eles conheceram e perceberam a armadilha: eram escravos, juntamente com outras tribos e nativos de outras regiões da África. No porão do navio, além de sua gente, haviam mulheres e crianças viajando, todos desnutridos e esquálidos. Muitos morreram durante a viagem e seus corpos eram lançados às águas profundas do Oceano. Ele, sempre calado, somente observava. Ninguém sabia que ele era o Cacique da Tribo e seus comandados acharam melhor preservá-lo assim. Devido ao costume de sua tribo, onde usavam o Efun (pó branco), para pintarem-se ao sair no sol, seu nome era "Cacique Pemba Branca" (ou na língua nativa: Tata owo Efun-Efun).
Os dias arrastavam-se e tornaram-se semanas e meses, depois de uma longa viagem. Muitos haviam morrido, durante o trajeto. Quando acostaram o navio na nova terra e foram obrigados a desembarcar viram uma exuberante natureza, toda verde e frondosa e muitas pessoas diferentes os observavam. Haviam pessoas brancas, mas haviam alguns nativos índios, como eles, mas de outra cor. Pemba Branca olhou e olhou... E percebeu que nada conhecia do mundo. Pela primeira vez, sentiu-se impotente perante Olorum e lembrou-se de sua Aldeia, de sua mulher e de seus filhos. Uma lágrima escorreu de seus olhos e ele sentiu uma chibata em suas costas! Foi quando virou-se bruscamente e agarrou o seu agressor, puxando-o bem junto a si e pronunciou: "-Tata Iku, Iku... Nhá Egungun, Kaô Kaô, Ma Epa Babá!" (Senhor dos Mortos e Senhora da Morte, faça Justiça, Meu Pai Maior!)
Os olhos do agressor estalaram, pois ele sabia da fama de "feiticeiros" que os negros carregavam. Acercaram-se dele e o levaram a uma senzala, com os outros negros. Alimentaram-nos e separaram-nos. No outro dia seriam comercializados em Praça Pública, na cidade de Cabo Frio no Rio de Janeiro. A noite caiu e Pemba Branca demorou a dormir ouvindo o lamento das mulheres e das crianças. Uma dor muito grande atravessou a sua alma e Ele queria entender o que Zambi queria Dele... Levantou seus olhos e pediu que o guiassem: - Qual era a sua missão nessa terra?
No dia seguinte, ele foi um dos primeiros a ser comprado por um fazendeiro, pois era um negro forte e valente! Foi levado às terras de Minas Gerais, para trabalhar em lavouras e minas de carvão. Com o tempo, ele nunca mais falou uma palavra de sua língua... Ele só ouvia e olhava. Os outros o temiam, porque homem muito calado é arrisco! Somente um dia o viram ajoelhado em terra, com um punhado de lama nas mãos dizendo: "-Odwdwa Dadá Orunmilá... Odwdwa ê!" Quem era nativo sabia que ele clamava à Mãe Terra e ao Pai Céu; mas, os demais, nada entenderam...
Um dia, o filho do patrão, perdeu-se da Casa de Engenho. Ele era um moleque arteiro de seus 7 anos e gostava de correr pela fazenda. O patrão desesperou-se, pois pensou em sequestro e vingança e correu as terras com seus capatazes! Quando chegou próximo à Plantação de Canavial ouviu a voz de seu menino e uma outra voz desconhecida. Apeou do cavalo e correu roça adentro... Foi quando deparou-se comPemba Branca e seu filho sentados no chão conversando animadamente e brincando com pedrinhas. O menino puxou o pai pela mão e disse: "-Meu Amigo Pai, ele cuidou de mim!!!" E apontou para uma cobra caninana morta na beira do canavial. O homem caiu de joelhos e agradeceu ao negro que salvou a vida de seu filho!
A partir desse dia, Pemba Branca tornou-se o homem de confiança do patrão e passou a cuidar dos afazeres e dos escravos. Mas, continuava calado. Então, o patrão mandou chamá-lo e perguntou o que o entristecia e ele apontou para a esposa do patrão e para seu filho... O patrão entendeu. E pensou: como resolver essa situação? Perguntou a Pemba Branca se ele entendia sua língua e ele fez que sim com a cabeça. Então questionou: "-Você quer voltar? Ou quer buscá-los?" Pemba Branca refletiu, refletiu e por fim decidiu: gostaria de buscá-los.
Então, começaram os preparativos e Ele viajou à África para rever sua Aldeia e sua família. Mas, quando chegou não encontrou ninguém... Estava tudo deserto! Procurou por dias e nem sinal de sua tribo ou gente. Desanimou, desesperou-se e quase desistiu da vida! Mas, havia dado sua palavra ao patrão e retornou ao Brasil. Quando chegou, dedicou-se com afinco ao seu trabalho, mas tornou-se um homem sério, fechado e sisudo. Dificilmente conversava. Somente observava e fazia seu trabalho.
Passaram-se vinte anos e ele começou a adquirir os traços da maturidade. Não era somente um homem; nem ele sabia mais de sua idade... Então, um dia trouxeram um nova leva de escravos para a fazenda e dentre eles haviam 4 rapazes, com pouca diferença de idade. Ele foi encarregado de alojá-los e indicar-lhes o trabalho. Estavam maltratados, machucados e esquálidos. Cuidou deles, através da Nega Sinhá que alimentava a todos na fazenda. Nenhum deles levantou o olhar e ele os deixou assim, pois já sabia dessa dor.
Deixou passar três dias para que descansassem bem e alimentassem-se. Então, procurou-os para conversar e explicar tudo. Eles estavam sentados no canto da senzala, vestidos, lavados e alimentados. Quando ele aproximou-se, um deles o enfrentou e  encarou seu olhar. Então, aquele olhar lhe disse alguma coisa e ele falou em sua língua nativa: Nh'Yaô... (Meu Filho...) De repente, todos se acercaram dele e o abraçaram... Eram seus filhos perdidos! Conversaram, conversaram e esclareceram tudo. Ele soube que a mãe foi mordida por uma serpente do deserto e não sobreviveu. E os filhos peregrinaram por outras terras, em busca de alimento e sobrevivência. O tempo passou e os filhos pensaram que o pai havia sido assassinado por outra tribo ou por bichos selvagens.
Agora, eles esclareceram tudo e estavam juntos novamente. Pemba Branca correu contar ao patrão sobre seus filhos. Ele já havia conquistado o respeito e a admiração de todos na Fazenda e foi recebido com alegria. Então, lhe prepararam uma choça no meio da senzala, para ele morar com a família, onde poderia ter sua privacidade assegurada. Ele nunca casou-se novamente, pois ainda pensava reencontrar sua esposa. Porém, a vida lhe preparou um novo destino e ele conheceu uma africana de uma tribo vizinha, que havia chegado há poucos meses na fazenda. Desposou-a e teve com ela duas meninas gêmeas, que ele chamou de Naê e Ylá - em sua língua nativa.
Depois disso ele viveu ainda trinta anos e pode visualizar o processo de libertação dos escravos sendo elaborado por alguns abolicionistas. Seu patrão faleceu, mas o Sinhozinho que herdou a Fazenda sempre foi seu amigo e ele foi tratado com respeito. O Sinhozinho tornou-se um Abolicionista e libertou a todos os escravos, dando moradia, sustento e soldo a todos. Ele foi um homem honrado e respeitado, que ajudou no Movimento da Inconfidência Mineira. Hoje, Cacique Pemba Branca de Aruanda trabalha silenciosamente nos Terreiros de Umbanda e Candomblé pelo país afora... Ele é pouco conhecido no Plano Físico, mas muito respeitado no Plano Espiritual.









Caboclo Arco-íris...

Aquele que trabalhou pela união dos povos!
 A história do Caboclo Arco-íris dessa Seara ocorreu entre o século XVIII e XIX, em meio a Colonização Inglesa do Canadá. Ele atua na vibração de Oxumaré na Linha das Águas da Umbanda Sagrada (como assim foi determinado pelo Caboclo Sete Encruzilhadas, através de Zélio de Morais e está definido na Apostíla de Umbanda do Grande ABC Paulista).
Os primeiros habitantes do Canadá eram os aborígenes: algonquinos, esquimós, iroqueses sioux, entre outros. Pelo estudo geográfico, estes povos teriam migrado da Ásia para a América do Norte há milhares de anos! Isso pode ter ocorrido há cerca de 30 mil anos ou mais, quando alguns sobreviventes da Grande Nevasca e dos Grandes Cataclismas, atravessaram uma faixa de terra, entre a Sibéria e o Alaska. Porém, os primeiros europeus a pisar em solo canadense foram os Vikings. Eles iniciaram uma colonização que produziu uma série de enfrentamentos contra os nativos, mas foram obrigados a se retirar em 1010 d.C., pela insurreição dos nativos.
O primeiro europeu a reivindicar o território canadense foi o navegador italiano Giovani Caboto ou "Jhon Cabot", em 1497, estando a serviço da Coroa Britânica. Porém, a colonização da região, só foi iniciada em 1554, pelos franceses. Jacques Cartier desembarcou no golfo de São Lourenço e tornou a região conhecida como "Nova França". Durante o século XVIII, houve vários enfrentamentos armados pelo domínio das terras entre a Inglaterra e a França. Essa guerra ocorreu no vale de Ohio, de 1754 até 1763, quando os franceses assinam o Tratado de Paris e cederam seus territórios aos ingleses. Em 1791, mediante a Ata Constitucional, a Inglaterra dividiu o território canadense em "Quebec" e "Ontário" - cuja população é francesa e inglesa, respectivamente.
Foi, justamente nesse período que viveu o Caboclo Arco-íris. Ele recebeu esse nome pois gostava muito de observar a Aurora Boreal, que se formava na baixa estação ou estação mais fria do ano e ficava encantado com o Arco-íris, da alta estação ou da estação mais quente. Desde criança, ele tentava reproduzir com as tintas extraídas das plantas o espetáculo de cores que via. Seu pais diziam: "-Esse menino é diferente, pois não se interessa pelas coisas da tribo." Mas, quando ele cresceu, procurou aprender todos os costumes dos dois povos da região e tornou-se eloquente em suas dissertações com os Chefes dos dois lados. Ele procurava negociar a paz e evitar a guerra. Então, no século XIX, os Estados Unidos pareciam ameaçar a hegemonia britânica no Canadá e Ele preocupou-se com uma possível guerra. Pediu ao Grande Pai de Todas as Criaturas que olhasse por eles... E em 1867 foi criada a "Confederação Canadense", com a Ata da América do Norte Britânica; que uniu a Nova Escócia, New Brunswick, Quebec e Ontário.
Assim, o Caboclo Arco-íris percebeu que conseguira cumprir sua missão de apaziguador e poderia descansar em paz. Seu espírito deixou a Terra dos Homens, para habitar o Mundo do Grande Espírito. Mas, Ele acompanhou de longe todos os acontecimentos que ocorreram depois: "Durante a I Guerra Mundial, o Canadá apoiou ativamente os aliados, enviando mais de 600.000 homens e 556 navios da marinha mercante.  Em 1931, o Parlamento Britânico cedeu ao Canadá sua autonomia legislativa, através do Estatuto de Westminster. Mesmo assim, em 1939, o Canadá declara guerra à Alemanha em apoio à Grã Bretanha. Mas, foi somente em 1982, que o Canadá obteve sua total independência da Coroa Britânica (graças à nova Lei Constitucional). Após a II Guerra Mundial, aumentou a diversidade cultural canadense devido à chegada de imigrantes asiáticos, sul-americanos, europeus e caribenhos."
Hoje, esse Xamã das Luzes Coloridas, como também é conhecido, cumpre sua missão de grande Ordenador da Paz Universal. Quem tem o Privilégio de Tê-lo como Mentor deve ser agradecido e agir com humildade em suas ações. O Caboclo Arco-íris acompanha somente médiuns dedicados e de bom coração.
                                                                                                                                              


Caboclo Ubirajara

Sua História
Com 16 anos ele enfrentou os portugueses e quase foi morto, mais quando ele completou 20 anos destruiu mais de 200, e o líder branco foi comido pela tribo. Ele ganhou fama porque só foi vitória quando ele liderava, sua fama foi tanta que os portugueses já tinham medo de andar nas matas onde
 pertenciam os tupinambás, e principalmente do índio com os peitos largos, alguns portugueses chamavam seu Ubirajara de fantasma da morte, ou o próprio Diabo.

Na nova lei estabelecida entre os tupinambas era devorar os que sobrevivessem, e piedade não era muito praticada entre eles,
 Ubirajara também invocava os espíritos da floresta, e principalmente os guerreiros e devoto firme de Tupã (Deus em tupi-guarani), gostava de usar arco e flecha, escalava perfeitamente as árvores, sanguinário, com uma aparência séria e bonita, forte, feição fechada, com 30 anos Ubirajara se torna Cacique e lidera mais uma investida contra o homem branco, nessa investida eles matam mais de 1000 portugueses e tem apenas 67 perdas.

Ubirajara (Caboclo) relata que nunca perdeu uma guerra, á única guerra que ele e sua tribo não ganhou foi a ignorância, pois com o ritual do canibalismo, ele e a tribo inteira pegaram doenças graves, doenças que os índios não estavam preparados para enfrentar, e sua tribo foi extinta em 1604,
 Ubirajara morreu doente por volta de 1580.